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Suicídios em Guantanamo Geram Polémica


A Administração do presidente George Bush distanciou-se, ontem, das observações feitas por um alto funcionário americano, que considerou de um golpe de relações públicas, os três casos de suicídio registados no fim de semana último, no centro de detenção de suspeitos terroristas da base americana de Guantanamo, no extremo de Cuba.

Numa referência indirecta aos comentários proferidos por um dos seus funcionários, o Departamento de Estado considerou de infeliz as palavras escolhidas pela assistente adjunto da Secretaria de Estado para as Questões Diplomáticas, Colleen Graffy, ao referir-se ao suicídio de três detidos em Guantanamo.

A morte por suicídio de três detidos naquele centro na base americana de Guantanamo, nomeadamente de dois sauditas e de um iémenita constitui o primeiro caso do género, desde que os Estados Unidos abriram aquele campo de detenção, em 2002, e que, desde então, tem sido alvo de intensas criticas internacionais, incluindo de aliados próximos de Washington.

Em declarações à BBC, a Assistente Adjunta da Secretária de Estado americana para a Diplomacia, Colleen Graffy, disse que os suicídios, nas suas palavras, representam um bom exercício de relações públicas, com impacto a nível das organizações dos Direitos Humanos e da imprensa nacional e internacional.

Numa conferência de imprensa, na capital dos Estados Unidos, o porta voz do Departamento de Estado, Sean MacCormack, disse que a Administração do presidente George Bush não encara as mortes como um caso de relações públicas.

MacCormack preferiu, entretanto, suavizar a polémica, alegando que aquela destacada funcionária americana teria sido infeliz na escolha das palavras ao referir se ao caso.

Sean McCormack relembrou, ainda, que o presidente Bush se manifestou preocupado com as mortes ocorridas no sábado e que aguarda ansiosamente pelo encerramento do Centro de Detenção de Guantanamo. Disse McCormack: ´´ Não temos nenhum interesse em ser os carcereiros do mundo. Esperamos que, um dia, o campo de detenção de Guantanamo seja encerrado. Mas, de qualquer forma, convém não perder de vista que naquele centro encontram-se detidas pessoas consideradas perigosas, que constituem uma ameaça não apenas para os americanos como para as outras pessoas no mundo.

O centro de detenção da base americana de Guantanamo mantém cerca de 460 prisioneiros, a maior parte dos quais membros suspeitos da rede Al Kaida e dos Taleban capturados durante a invasão americana do Afeganistão.

Vários prisioneiros foram, entretanto, repatriados, mas o processo tem sido marcado por uma certa lentidão, devido, em parte, à necessidade de se alcançarem acordos e de garantias por partes dos países de origem dos detidos, no sentido de que os mesmos não serão vitimas de torturas ou devolvidos a actividades terroristas, na sequência da transferência das suas custódias.

De acordo com o porta voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, os Estados Unidos estão, de momento, a analisar a transladação dos restos mortais dos três detidos, que cometeram suicídio no fim de semana, para os seus países de origem, nomeadamente para a Arábia Saudita e para o Iémen.

Aquele funcionário da administração americana garantiu ainda que os corpos das vítimas, foram tratados com respeito e em conformidade com os costumes religiosos islâmicos e que Washington tem levado a cabo uma campanha de informação junto do mundo islâmico, expondo os contornos do caso.

Enquanto isso, sabe-se para já que Collen Graffy poderá não ser alvo de sanções ou de reprimendas disciplinares, mas que, definitivamente e doravante, aos funcionários da administração americana será exigida uma maior acuidade na abordagem da questão.

Por outro lado, o Departamento de Estado não acredita que as afirmações de Graffy possam ser comparadas às do comandante da base naval americana de Guatanamo, o almirante Harry Harris, que considerou recentemente os três casos de suicídio como um acto de guerra unilateral contra os Estados Unidos

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