O rei Gyanendra, do Nepal, faz uma enorme cedência ao concordar em restaurar o Parlamento, uma das principais exigência feitas pelos manifestantes pró-democracia que têm vindo a protestar nas ruas da capital durante as últimas três semanas. Os líderes da oposição saudaram a decisão do monarca e poderão cancelar a realização de nova manifestação de protesto planeada para hoje na capital do país, Khatmandu.
Esta era decisão porque se estavam a bater os líderes da oposição nepaleses. Discursando perante as câmaras da televisão estatal, o rei Gyanendra anunciou a reabertura do Parlamento.
Disse o m onarca que, ”no espírito do movimento do povo e por forma a restaurar a ordem e resolver os conflitos no Nepal, decidiu restaurar a Câmara dos Representantes, de acordo com o roteiro político traçado pelos partidos da oposição”.
O Parlamento voltará a reunir de novo na sexta-feira, mas o monarca sugeriu haver ainda um longo caminho a trilhar antes que os problemas do Nepal possam ser resolvidos.
O rei Gyanendra ”apelou para que a aliança de sete partidos assuma responsabilidade de conduzir a nação na senda da prosperidade, assegurando uma paz permanente e salvaguardando o sistema multi-partidário democrático”.
Os líderes da oposição saudaram a decisão do monarca considerando-a uma vitória para o movimento popular.
O rei Gyanendra demitiu o Parlamento em Maio de 2002. Em Fevereiro do ano passado, demitiu o governo e assumiu o poder absoluto, justificando aquela medida acusando os partidos de não terem sido capazes nem de organizar eleições nem de pôr termo à insurreição maoísta que está a minar o as zonas rurais.
Desde então, uma aliança dos sete principais partidos da oposição tem vindo a organizar uma série interminável de manifestações de rua contra o governo monárquico. Mas, essas manifestações só começaram realmente a ganhar ímpeto nas últimas semanas, quando os partidos apelaram também para a realização de uma greve à escala nacional.
A polícia disparou balas de borracha e gás lacrimogéneo contra os manifestantes que, por vezes, arremessavam pedras contra as forças da ordem. Pelo menos 14 manifestantes foram mortos.
No início desta semana, aquela aliança de sete partidos rejeitou uma proposta do monarca para formar um governo interino.
Apesar de tudo, a cedência feita pelo rei é vista por alguns como tardia e insuficiente. Muitos dos manifestantes pediram o afastamento do rei do trono e o fim da monarquia no Nepal.
Não é de esperar que os rebeldes maoístas, que controlam partes das zonas rurais, venham a reagir positivamente à iniciativa real. O seu objectivo desde que lançaram a sua luta, em 1996, é o de pôr termo à monarquia.