A Nigéria inicia, terça feira, o primeiro censo dos últimos 15 anos, esperando poder por termo a especulações sobre os números reais da sua população.
Os governos nigerianos tem sido acusados de manipular os números por razoes políticas, uma vez que a atribuição de verbas federais para os 36 estados é baseada nos números populacionais.
Numa tentativa de minimizar as objecções tendo por base razoes tribais e religiosas, as autoridades excluíram a religião e o grupo étnico do questionário.
Os responsáveis pelo censo foram designados para estados distantes dos estados de residência.
Os dirigentes cristãos encontram-se particularmente desagradados pela exclusão do credo religioso do inquérito, e embora tenham abandonado a ameaça de boicote, sustentam ter muitas reservas.
Jerome Bello, é o chanceler da Igreja Católica em Abuja ...
‘...é bastante infeliz que o governo tenha adoptado a posição que adoptou sobre estas questões cruciais, pois e necessário para nos saber quem somos e quantos somos ... qual o nosso perfil e coisas dessa natureza. Muito importante para nos sabermos quantos são os cristãos, quantos são os Muçulmanos neste país. Quantas religiões tradicionais existem neste país ...’
A credibilidade do censo esta ameaçada pela elevada tensão política criada pelas eleições do próximo ano.
A Nigéria tem cerca de 250 grupos étnicos, cada um deles exigindo ter voz na cena política. Algumas comunidades têm rejeitado os funcionários do censo destacados para as suas áreas, insistindo na designação de responsáveis locais.
Apesar dos enormes desafios em conduzir na Nigéria um recenseamento credível, o presidente da Comissão Nacional da População, Sumaila Makama, afirmou a Voz da América que o organismo está preparado para os cinco dias da operação ...
‘Neste momento não temos queixas ou ameaças de boicote. Não recebi qualquer indicação de qualquer estado, ou que qualquer grupo tencione boicotar o recenseamento. Antes pelo contrário dirigentes comunitários estão a fazer apelos para que as pessoas sejam contadas por que se não o forem isso ira distorcer a demografia ...
Cerca de 820 mil recenseadores foram recrutados para o censo, com o custo total avaliado em cerca de 260 milhões de dólares. A União Europeia, que enviou 90 inspectores, forneceu 150 milhões de dólares.
O ultimo recenseamento da Nigéria foi realizado em 1991 e colocou a população a 88 milhões e meio de pessoas. Baseado num crescimento anual de três por cento, a população hoje é avaliada entre os cento e vinte e os cento e cinquenta milhões de pessoas.