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Os períodos de condições atmosféricas adversas


Desde o leste de África até ao ponto mais a sul do continente, a seca tem arruinado as culturas agrícolas, deixando milhões de pessoas dependentes da assistência alimentar internacional.

Os períodos de condições atmosféricas adversas devem prosseguir em África, constituindo um desafio para os países encontrarem formas mais eficazes de fazer frente à seca e à fome.

Embora a Austrália seja o continente mais seco da Terra, a África sofre mais quando afectada pela seca, e quando as chuvas não ocorrem, as populações passam fome.

A seca é uma constante da vida em África, segundo Henry Josserand do Sistema Global de Informação e Detecção da Organização Mundial de Saúde.

‘Historicamente tem sido o Sahel. O grupo de países desde o Senegal – no ocidente – incluindo a Mauritânia, atravessando toda a África para leste ate ao Corno de África. Trata-se de uma área onde as chuvas são inconstantes e não constitui surpresa a ocorrência de um ano mau. Um ano, em cada três, não e nada de fora do habitual ...’

Presentemente uma seca assola a parte leste do Quénia, o sudeste da Etiópia, o sul da Somália, e partes da Tanzânia e do Djibuti – resultado de varias estações consecutivas com poucas chuvas. O Programa Mundial de Alimentação avalia em cinco milhões e quatrocentas mil pessoas que no Corno de África enfrentam escassez alimentar.

Para ocidente, os meteorologistas prevêem poucas chuvas em partes do Mali e do Chade. O ano passado o Niger sofreu uma forte seca que agravou a já de si frágil situação alimentar.

No sul de África, milhões de pessoas em vários países ainda está dependente da ajuda alimentar após a forte seca do ano passado.

Mark Rosegrant um especialista do Instituto Internacional para a Política Alimentar, adianta que a seca não provoca apenas a fome em África como afecta directamente a economia.

‘Trabalho recente feito na Etiópia indica que quando ocorre uma forte seca ... não afecta apenas a produção agrícola. Tendo em conta que a agricultura constitui uma grande tarja da economia e uma grande porção do emprego, que afecta o crescimento da economia. Por isso pode ter efeitos devastadores quando se registam estes problemas de produção ...’

Existe debate acérrimo entre os cientistas sobre as razoes por que África é propensa a seca, na sua maior parte na vertente da mudança climática.

Michael Glantz um cientista do Centro Americano de Pesquisa Atmosférica , sublinha que a costa ocidental de África atravessa há trinta anos um período de seca.

Quer os especialistas estejam de acordo, ou não, estão de acordo que o planeta aqueceu no ultimo século, e com o aquecimento chegam os extremos

‘Mais seca … mais inundações, maior variação. Provavelmente menos previsível. Alguns dizem que se vai voltar ao normal, que vai voltar a ser húmido. Pessoalmente não acredito nisso ... Se não conseguirmos resolver a seca, não o conseguiremos dentro de 50 anos ...’

Durante anos as instituições emprestadoras e os países doadores tem investido generosamente numa variedade de projectos de levar agua aos agricultores - incluindo dispendiosas iniciativas para adoptar sistemas de irrigação.

Críticos deste género de programas sustentam que algumas tentativas para ajudar África a fazer face às secas foram mal concebidas. Os países doadores não trabalham juntos, os especialistas, com frequência não partilham ideias e conceitos, e em alguns casos não existe acompanhamento.

Outras criticas são dirigidas aos governos africanos. Especialistas e agencias de auxilio consideram que as autoridades devem ser mais responsáveis para com as verbas doadas e deixarem de usar a assistência alimentar com arma política.

Michael Hess da Agencia Norte americana para o desenvolvimento internacional, afirma ser difícil levar os agricultores africanos a alterarem a forma como utilizam o solo, que género de culturas usam, e usar a mudança dos locais de plantio.

Mas Hess afirma assistir a sinais de esperança em projectos de pequena dimensão.

‘Estamos a assistir ao aparecimento de agricultores de arroz no rio Niger. Vi locais onde replantaram arvores ... grupos de mulheres que se juntaram, obtiveram as arvores e plantaram-nas. Cada família possui uma ou duas arvores e tem de as manter ...

A ironia reside no facto de os especialistas salientarem que partes de África são ricas em agua, como no caso da região dos Grandes Lagos. Mas para levar a agua para onde e mais necessária são muitos os factores que tem de ser associados : dinheiro, capacidade técnica, melhor política para os agricultores locais e ... boa governação.

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