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O epicentro de erupções da gripe das aves


A Ásia continuou a ser em 2005 o epicentro de erupções da gripe das aves, com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a advertir ser muito provável que uma pandemia de gripe humana ter inicio naquele continente.

O vírus H5N1 infectou mais de 130 pessoas na Ásia nos últimos dois anos, matando mais de metade delas.

Até agora, quase todas as vitimas apanharam a gripe de aves domésticas. Mas a OMS afirmou ser apenas uma questão de tempo antes do vírus mudar para uma forma que possa ser transmitida por seres humanos, possivelmente matando milhões de pessoas.

Peritos dizem que a capacidade dos países asiáticos de estancar o alastramento do vírus nas aves domésticas e a sua preparação para combater qualquer erupção de gripe das aves entre os humanos são criticas para evitar uma pandemia.

Mas Peter Cordingley, porta-voz para a Ásia da Organização Mundial de Saúde, disse que poucos países na região estão prontos.

“Através da Ásia haverá provavelmente não mais do que uma meia dúzia de países que tem um plano de trabalho operacional a funcionar em pleno. Alguns são muito bons, outros estão perto de serem muito bons, mas muitos outros países não tem qualquer plano, pela razão obvia de que não tem fundos para criarem esses plano.”

A vigilância de erupções entre as aves domésticas continua a ser um grande problema na Ásia, especialmente em remotas áreas rurais. Camponeses pobres são muitas vezes ou ignorantes sobre os perigos que a gripe das aves coloca ou são relutantes em reportar erupções porque o abate das suas aves domésticas afecta enormemente os seus meios de subsistência. Muitos países não tem fundos para compensar os camponeses pelas percas das suas receitas.

Cordingley afirma que a pobreza é também a razão porque as infecções humanas possam não ser detectadas.

“Quando mais se for para o interior do país, mais baixas são as possibilidades de detectar esses casos humanos de gripe das aves, particularmente quando se vai para áreas rurais que são muito pobres. As pessoas não vão ao hospital quando tem sintomas de gripe pela simples razão de que irá custar-lhes dinheiro e isso terá um impacto no orçamento familiar. De facto, a vigilância é muitíssimo fraca nessa parte do mundo.”

A OMS e a Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) afirmaram precisar de cerca de 260 milhões de dólares para ajudar os países asiáticos a melhorarem a detecção e informar a ocorrência de erupções de gripe das aves.

O Banco Mundial estima que os países afectados irão precisar de mais de mil milhões de dólares nos próximos três anos para financiarem o fabrico de vacinas para animais e humanos, adquirir medicamentos anti-virais e compensar os camponeses.

Uma grande conferencia de doadores vai ter lugar em Pequim no final deste mês de Janeiro para angariar dinheiro.

Os países asiáticos reconheceram já que não podem combater sózinhos a gripe das aves e aumentaram a cooperação regional.

Numa cimeira do grupo de Cooperação Económica Ásia -Pacífico (APEC) na Coreia do Sul em Novembro, os países membros prometeram melhorar a vigilância, partilhar os conhecimentos técnicos e melhorar a transparência em reportar erupções da gripe das aves.

Peritos em saúde pensam que a China tem um papel chave a desempenhar na prevenção de uma epidemia de gripe das aves entre humanos. Não é somente o país mais populoso do mundo, mas também o maior produtor mundial de aves domésticas.

Tem havido preocupações sobre a abertura da China em reportar erupções de gripe das aves devido as suas tentativas de ocultar há três anos a epidemia de SARS, até que a doença se espalhou a todo o mundo matando mais de 800 pessoas.

Organizações de saúde internacionais queixaram-se no ano passado de que funcionários chineses estavam a restringir investigações sobre a gripe das aves. Mas a China teve mais de 20 erupções de gripe das aves, em aves domésticas desde meados de Outubro e peritos indicam que isso levou Pequim a ser mais transparente no que diz respeito à gestão da sua gripe aviaria.

Joseph Domenech, veterinário - chefe da FAO, em Roma, disse que a China responde agora rápidamente quando ocorre uma erupção de gripe das aves.

“Eles reagem rápidamente. Aplicam imediatamente estritas medidas de quarentena, isolando e vacinando áreas de risco ao redor da erupção.”

Contudo, a OMS diz ainda que a China tem sido lenta em partilhar amostras de tecidos de aves infectadas.

O Banco de Desenvolvimento Asiático afirmou que uma pandemia de gripe humana teria um sério impacto na economia da região. O banco, com sede em Manila, Filipinas, disse que uma pandemia poderia reduzir para quase zero o índice crescimento da Ásia e a 14 por cento o comercio global de bens e serviços.

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