Links de Acesso

A primeira candidata de sempre a Presidencia da Republica


Anna Claudia Senkoro sorri enquanto reflecte sobre como está a fazer historia na Tanzânia como a primeira candidata de sempre a Presidência da Republica.

A efervescente mãe de três filhos descreveu a VOA a sua jornada de cinco anos na política que, eventualmente levou-a a tomar a decisão num país conservador não habituado a ter mulheres como lideres políticas.

“Decidi candidatar-me porque entendo ser já tempo para uma mulher governar este país. Eu era para me candidatar a deputada pela minha região natal, mas olhei a minha volta e interroguei-me: porque não candidatar-me a presidente? Penso que o posso fazer. Foi um pouco difícil para as pessoas entenderem. No dia em que fui buscar o impresso para a candidatura a comissão nacional de eleições, muitos jornalistas estavam lá. Não compreendiam; uma mulher candidatar-se a Presidência ? Que tipo de mulher é esta ?”

A senhora Senkoro é do Partido Progressivo da Tanzânia, um pequeno e praticamente desconhecido grupo partidário. Disse que esta a utilizar o seu dinheiro e recursos pessoais para a campanha, com algumas contribuições de apoiantes seus.

A única mulher entre os 10 candidatos que vão concorrer as eleições presidenciais tanzanianas no próximo dia 30 de Outubro. Mais de 100 outras mulheres concorrem a assentos no parlamento em 232 círculos eleitorais do país. Mais de 1200 candidatos concorrem ao parlamento.

Embora activistas aplaudam a candidatura da senhora Senkoro a presidência da republica e de outras mulheres ao parlamento, afirmam que as mulheres tanzanianas ainda têm um longo caminho a percorrer para serem totalmente aceites na política.

Numa tentativa para aumentar o numero de mulheres em posições de liderança, 30 por cento dos assentos parlamentares são reservados as mulheres, com um sistema similar para os conselhos de aldeia.

A directora executiva do Centro Legal e de Direitos Humanos, Helen Kijo-Bisimba, afirma que, embora um sistema de quotas seja bom em teoria, nem sempre funciona bem para as mulheres.

“Em primeiro lugar, porque vão para lá em acção afirmativa, não são olhadas como iguais em relação aos outros parlamentares que foram eleitos através de círculos eleitorais. Por esse motivo, elas sentem-se no mínimo inferiorizadas.....ser mulher neste sistema patriarcal pode ser algumas vezes difícil – é preciso ser realmente reivindicativo.”

A senhora Kijo-Bisimba afirmou que a ênfase deve ser mais em encorajar as mulheres a disputarem os assentos parlamentares. Mas, acrescentou, na Tanzânia patriarcal onde as mulheres não são encorajadas a falar e precisam combater muitos estereótipos negativos, concorrer a um cargo publico é mais fácil dizer do que fazer.

Fora da política, as mulheres na Tanzânia enfrentam também numerosos obstáculos.

Muitas práticas culturais discriminam as mulheres. Entre elas estão a mutilação genital feminina, casamentos precoces para jovens, herança matrimonial, onde uma viuva deve casar-se com o irmão do falecido marido, e o dote.

O Centro Legal e de Direitos Humanos afirma haver discriminação na legislação tanzaniana. De acordo com a lei consuetudinária, uma mulher não pode herdar a propriedade do seu falecido marido ou herdar terra da família.

Helen Kijo-Bisimba disse que os candidatos não falam desses assuntos nas suas campanhas eleitorais, especialmente em áreas do país onde essas práticas culturais são fortes. Afirmou que muitos políticos dizem apenas aquilo que pensam que os votantes querem ouvir.

XS
SM
MD
LG