Links de Acesso

A possibilidade de uma epidemia global da febre das aves


Numa altura em que os governos, a nível mundial, se preocupam com a possibilidade de uma epidemia global da febre das aves, um dos principais intervenientes é a China – onde se registaram, na ultima semana, mais dois novos surtos. Embora as organizações internacionais refiram que o tratamento dado pela China à gripe aviaria, se tenha tornado mais transparente, os cientistas queixam-se das restrições impostas aos seus estudos.

Realizar pesquisa sobre a gripe aviaria na China não é fácil. Poucas pessoas conhecem isto melhor do que o doutor Guan Yi, director do Centro de Pesquisa Conjunta da Influenza, um projecto entre a Universidade de Hong Kong e a Universidade de Shantou, na província chinesa de Guangdong.

Ele é um dos principais pesquisadores da estirpe H5N1 da febre das aves, que tem um potencial letal para os humanos, e matou mais de 60 pessoas desde que apareceu pela primeira vez em 1997.

Em Julho, Guan e a sua equipa, publicaram um artigo muito especial numa revista cientifica internacional, onde se sustentava que aves migratórias de um lago na região ocidental da China pareciam ter contraído a doença no sul da China.

Isto significava que no caso do vírus se estabelecer entre as aves migratórias, colocaria o risco de poder de se espalhar através dos oceanos e dos continentes. A tese de Guan foi confirmada pelos recentes surtos de febre das aves na Europa.

Todavia, em vez de apoiar a pesquisa de Guan, o ministério da Agricultura chinesa criticou os resultados através dos media estatais, sustentando que o artigo tinha chegado a conclusões erradas. Guan afirmou que as autoridades pretendem encobrir o facto de a fonte da infecção ter sido no sul da China.

‘Interpretam que a fonte da infecção nas aves do Lago Qinghai é proveniente de fora da China, e que a China é vitima ... não a fonte.’

Desde então o ministério da Agricultura chinês introduziu controle apertado sobre pesquisa sobre doenças contagiosas, e segundo Guan apenas três laboratórios na China estão autorizados a estudar o vírus H5N1.

Após a publicação do artigo de Guan, a equipa de estudo sobre a febre das aves na universidade de Shantou foi fortemente limitada.

Até ao momento, a totalidade das vitimas da febre das aves apanharam o vírus de aves infectadas, mas os especialistas internacionais de saúde receiam que o H5N1 possa alterar-se por forma a espalhar-se com facilidade entre os humanos, e se isso acontecer, poderá assolar o mundo e matar milhões de pessoas.

Muitos especialistas sustentam que a China poderá ser o epicentro da pandemia de febre das aves entre os seres humanos, por não ser apenas a nação com maior população com ainda o maior produtor mundial de galináceos.

Mais ainda, cerca de 70 milhões de aves selvagens migratórias atravessam a China, e sendo ali igualmente que reside metade dos porcos do mundo, que podem contrair vírus humanos que se pode combinar com os vírus das aves para formar patogenos humanos.

Os críticos, como o doutor Guan, preocupam-se com a possibilidade de a China não ter aprendido com a epidemia do Síndroma Respiratório Agudo – vulgo SARS – de há dois anos, altura em que as autoridades sanitárias internacionais criticaram Pequim pela resposta lenta a doença e o secretismo que rodeou a epidemia.

Varias organizações internacionais tem se queixado de falta de cooperação por parte da China em tratar da febre das aves.

O gabinete da Organização Mundial de Saúde, em Pequim, indicou que durante o Verão as autoridades foram lentas em divulgar informação vital e em partilhar as amostras dos surtos na região ocidental da China. Inicialmente não responderam quando a OMS solicitou uma visita ao local do surto na regido noroeste.

Bhatiasevi, a porta voz da OMS em Pequim, referiu que a cooperação com as autoridades chinesas melhorou, após a visita de dois funcionários superiores da OMS em Agosto e Setembro, que apelaram para a China se tornar mais aberta

‘Recentemente tem existido mais desenvolvimento e empenhamento, e a China está a caminho de fornecer informação sobre a sequência do vírus.’

Joseph Domenech, o veterinário chefe da FAO, em Roma, acrescenta que a colaboração e a comunicação com as autoridades chinesas melhoraram, mas manifesta preocupação sobre a capacidade de detectar surto de febre das aves e de outras doenças.

‘Não nos preocupa muito a transparência da informação , estamos mais preocupados com a capacidade do sistema chinês de obter informação num país tão grande ...’

Embora o sistema de vigilância da China seja uma preocupação, as organizações internacionais como a FAO adiantam que as autoridades responderam com rapidez sempre que tem surgido um surto de gripe aviaria.

Dão como exemplo a China ter destruído, a semana passada, mais de 90 mil aves, e imposto medidas de quarentena para suster um surto de gripe das aves na Mongólia Interior.

XS
SM
MD
LG