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A vigilância de doenças infecciosas


A vigilância de doenças infecciosas constitui a principal tarefa da Organização Mundial de Saúde, ou OMS, que fiscaliza os surtos que podem tornar-se agressivos e espalharem-se para outros países.

Algumas vezes, as populações são afectadas por epidemias locais ou regionais que irrompem subitamente, como a cólera, a pólio e o Ebola. Outras vezes, adoecem com enfermidades de que ninguém ouviu falar, como no caso do Síndroma Respiratório Agudo, ou na sigla inglesa SARS, que ameaça transformar-se numa pandemia global.

O SARS teve inicio nos finais de 2002 no sul da China, e alastrou pelo mundo, infectando oito mil pessoas e causando a morte à quase oitocentos, antes de ter sido controlado. A maioria dos óbitos registou-se na China, no Vietname e em Singapura.

O Departamento de Controle e Resposta de Doenças Transmissíveis da OMS acompanha este género de epidemias, e segundo um vídeo promocional, a organização e alertada para potenciais epidemias pelos seis escritórios regionais e os gabinetes existentes em 141 nações.

Trabalhando com o pessoal da OMS a nível mundial, a rede mobiliza centenas de outras pessoas, cada uma delas desempenhando um papel importante a nível global.Epidiomologistas, médicos, cientistas de laboratório, investigadores do meio ambiente, veterinários, especialistas em comunicações, trabalhadores de saúde.

A espinha dorsal da rede de vigilância global e iniciativa de resposta, da OMS reside num sistema de alerta denominado de Rede Global de Serviços de Saúde.

Instituído pelo governo canadiano, os analistas acompanham as noticias dos media sobre possíveis surtos de doença, incluindo potenciais ataques terroristas com armas biológicas, acompanhamento feito todas às 24 horas, nos sete dias da semana e em sete idiomas.

O doutor Stephen Corber trabalha para a Organização de Saúde Pan - Americana da OMS.

“No inicio, os sistemas de vigilância e informação foram estabelecidos para que os médicos locais ou laboratórios locais notificassem os governos de casos confirmados de doenças infecciosas. Esta informação era transmitida nível provincial e estatal, para o nível nacional, e acabariam por passar semanas ou mesmo meses, ... a nível internacional. A Rede Global de Serviços de Saúde, por seu lado, recolhe as informações electrónicas dos media que possam ser de interesse para a saúde publica, e coloca-as a disposição do mundo numa forma estruturada, em tempo real. Após posterior avaliação da situação a resposta a um surto pode ocorrer mais rapidamente.”

Responsáveis da Rede Global de Serviços de Saúde referem que o sistema toma conhecimento mensal de cerca de 20 mil notificações de potenciais surtos de doenças infecciosas.

O doutor Corber refere que metade das pistas é abandonada por não corresponderem aos critérios aceitáveis, e as restantes são enviadas a OMS para posterior analise.

“Todos os dias analisamos as informações, procurando dados como índice de mortalidade, necessidade de assistência, potencial para quarentena, e risco de alastramento internacional. As informações que passam pelo crivo são avaliadas por uma equipa de especialistas sendo tomada uma decisão.”

O processo resulta em quatro ou cinco pistas por semana. Em Outubro de 2004 começaram a surgir noticias de pessoas a morrer com uma doença misteriosa na província do Uige, no norte de Angola. A doença foi rapidamente identificada como sendo a febre hemorrágica de Marburg, uma doença fatal relacionada com a Ebola que se espalha pelo contacto dos fluidos corporais dos indivíduos doentes.

Uma vez confirmado o surto, a Organização Mundial de Saúde mobilizou parceiros internacionais. Entre as agencias que enviaram pessoal para Angola estava o Centro para o Controle de Doenças, de Atlanta nos Estados Unidos.

Boris Pavlin do CDC refere que teve a seu cargo as informações do campo.

“Realizei a investigação de casos no campo ... deslocando-me em Jeeps a aldeias remotas, envergando fatos de protecção para entrar nas casas e proceder à avaliação de doentes, que na maioria dos casos já tinham falecido, ... recolhendo amostras para depois as levar para o laboratório.”

Pavlin sublinha que possuía um visto para entrar no Congo para investigar quaisquer indicações de surtos, mas que o pessoal foi capaz de conter a doença dentro de Angola.

Registaram-se pelo menos 323 casos de febre hemorrágica de Marburg em Angola num surto que se encontra praticamente terminado. Mas, e como no caso de centenas de doenças infecciosas detectadas diariamente, torna-se necessária uma vigilância global altamente motivada e uma resposta eficaz para as manter controladas.

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