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Foco de atracção das migrações da costa atlântica


A Louisiana e o Vale do Mississipi tornaram-se desde o inicio no foco de atracção das migrações da costa atlântica para as terras do interior, realidade que Thomas Jefferson tentava interpretar nos seus esforços para a compra da Lousiana francesa em 1803.

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A Louisiana pré-jefersoniana começou a atrair a atenção da América independente desde a famosa Proclamação da Convenção de Filadélfia de 1787 que ordenava a ocupação do chamado Território do Noroeste, os Grandes Lagos, e a criação ali de um numero de estados a não ultrapassar seis - mas não menos de cinco - quando progressivamente surgiram na zona os estados da Indiana, do Illinois, Ohio, Michigan, Wisconsin e parte do Minesota.

Jefferson fora nomeado superintendente destas terras, ainda em Paris, onde naquele mesmo ano de 1787 representava os treze estados recém-independentes da América. Em Paris dir-se-ia que o filosofo da Virgínia, feito diplomata, compreendeu em profundidade a política e as consequências da ocupação das terras do Mississipi, tanto para os Americanos, como para os Franceses, e também para a Espanha, na posse daquelas terras desde 1763. Regressado de Paris, Jefferson entrou no governo, primeiro como vice-presidente (em 1790) depois presidente, em 1801.

Jefferson formulou e fez consistir a sua tese de governo na transformação da América numa sociedade dominada pela ânsia da expansão para o oeste - a fronteira agrária, contra a cidade e a grande sociedade industrial da costa. Desde então parecia que a marcha da ocupação das terras do oeste, iria agora acontecer no ritmo e compasso jeffersonianos, com Jefferson na batuta. Na verdade, a retórica mesma da ”Northwest Ordinance” de 1787 não tinha outro sentido que não fosse o reconhecimento do fluxo imparável das migrações à busca dos espaços abertos e da fertilidade até aí sonhada dos vales do Mississipi, Ohio, Tennessee e outros grandes vales do centro-oeste, planícies e montanhas do interior.

Havia na América, como diz a nossa história, uma psicose da fronteira, em dois sinónimos - Mississipi e Louisiana - tema persistente que definira as duas presidências de Jefferson até o advento do chamado grande debate, a escravatura, outro grande tema da historiografia americana que dominou as duas décadas antes da Guerra Civil. A Louisiana. Factos a recordar. A França perdeu a guerra do império em 1763, à Inglaterra. Na Conferência de Paris daquele mesmo ano de 1763, a Inglaterra tirou à França a sua grande colónia norte-americana do Canadá, deixando-lhe esta Louisiana, aqui na costa atlântica, na boca do Mississipi. Todavia, e muito credivelmente, alguns compêndios da história daquela grande conflagração imperial afirmam que a Inglaterra estava disposta a deixar o Canadá aos Franceses, retendo apenas as ilhas que agora a França ainda tem nas Caraíbas : Martinique, Guadaloupe e St. Lúcia, pelo seu valor na produção açucareira, na altura produto sem igual nos mercados da Europa.

Mas a classe mercantil inglesa teve outras opções. Receando maior emulação com o Canadá renascido para o comercio da França, esta classe mercantil inglesa, pesou finalmente sobre o governo de Sua Majestade para reter o Canadá e devolver as ilhas caribes à França, que futuramente iriam ter uma importância pivotal no esquema napoleónico para a ressurreição da França imperial nas América em conjunção com a Ilha de São Domingos, Santo Domingo, aliás já dividida entre a França e a Espanha desde 1697, consequência dos corsários franceses que vinham consolidando a sua presença na metade ocidental da Ilha, baptizada agora de St.Domingue, mais tarde o ”Haiti”, de Toussaint L´ouverture, que veio ocupar um lugar-chave no baralho de Bonaparte para um novo império da França nas América.

A Espanha, aliada da França na guerra do império desde 1762, esteve na Louisiana desde 1763, por um acto de gratidão da França humilhada. Dir-se-ia que a compra da Louisiana pelo Presidente americano em 1803 foi o resgate da terra que a França e a Espanha ambicionavam, mas não tinham meios para a guardar e valorizar.

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