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Um reino agitado em guerras perdidas


Em 1740 morreu Agaja do Dahomé depois de um reino agitado em guerras perdidas de rivalidades hegemónicas com os Yorubas do Oyo. Foi seu sucessor Tegbesu, seu irmão, que passara dez anos como refém na corte do alafim do Oyo nos termos do tratado de paz de 1730. As guerras continuaram. Tegbesu assinava um novo tratado de paz com o Oyo, de subordinação final ao estado yoruba em 1740.

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Numa das conversas passadas dizíamos que foi assinado entre o Oyo e o Dahomé um tratado de paz em 1730, que pretendia pôr fim à guerra de 1729, e às animosidades que separavam os dois rivais desde sempre. Nos termos do tratado, o Dahomé sujeitava-se à suserania do Oyo, aceitando Agaja o pagamento de um tributo anual ao alafim do Oyo. O Dahomé ficaria na posse do porto de Whydah que já ocupava desde 1727. Quanto ao estado mais cobiçado – Alada - foi dividido em dois. Uma parte ficou independente, a outra integrada no plano comercial Oyo.

Esta ficou a chamar-se Ajase, para logo ser baptizada de Porto Novo, nome que continuou a ter desde 1752. Porto Novo foi colocado sob a jurisdição directa dos comerciantes yorubas do Oyo. Agaja viu-se forçado a abandonar os seus esconderijos do planalto do Abomei, empurrado para Alada, junto à costa. O Principe Tegbesu, irmão mais novo do monarca dahomeano, fora enviado como refém à corte do Oyo.

E por ultimo, os dois reis selavam a amizade contratual pela troca de princesas - suas filhas para esposas - de um e do outro. Esta não foi ainda a ultima palavra de paz na Costa dos Escravos. Primeiro, o Whydah não aceitou a sua condição de estado sujeito aos caprichos de Agaja, recalcitrava sem mais acabar, enquanto por outro lado, o Dahomé se rachava por dentro, desestabilizado por esta e mais outras truculências e excessos do seu rei.

Foi nesta altura turbulenta em que Agaja criou os tais famosos exércitos de amazonas, para combater as revoltas do Whydah descontente. Entretanto, Agaja começa a faltar a outras das suas obrigações o tributo anual ao Oyo. Por esta razão o Dahomé foi mais uma vez invadido pelos exércitos do alafim em 1739.

Fiel às suas tácticas de sempre, Agaja foge, para reaparecer um ano depois, em 1740. Mas o tenaz leopardo agasuvi estava velho e cansado. Agaja morria pouco depois neste mesmo ano de 1740. Depois das inevitáveis lutas de sucessão, subiu ao trono do Dahomé o Príncipe Tegbesu - refém na corte do Oyo desde 1730.

Tegbesu adoptou métodos de governo tal como os aprendeu durante o cativeiro entre os yorubas do Oyo. A eliminação dos adversários e seus apoiantes, primeiro. Doravante a sucessão ao trono seria apenas direito dos primogénitos dos monarcas defuntos, excluídos os irmãos e mais familiares, ou candidatos da última hora. Determinação original e rara nas monarquias africanas, onde o facto da poligamia e da numerosa prole do monarca defunto nunca passava ignorado.

O novo monarca instituía também o sistema yoruba da vigilância nas províncias periféricas. O envio frequente dos chamados ”illari”, mensageiros do centro para a vigilância da ordem e da paz nas províncias em redor. Para provar a eficácia do seu sistema e ver quem se atreveria a aproveitar da oportunidade para se proclamar seu sucessor, uma vez Tegbesu fingiu a morte.

A artimanha foi entendida. Mas o grande problema da paz com o vizinho rival levou mais tempo e cálculos para resolver. O Dahomé de Tegbesu continuava a faltar ao compromisso de tributo ao Oyo, nos termos do tratado de 1730. O novo alafim yoruba, Gberu, sucessor de Ojigi, autorizou Tegbesu a regressar a antiga capital no planalto do Abomey. Mas o Oyo invadia assim mesmo o Dahomé, uma vez em 1742, outra, em 1744, e outra vez ainda - a ultima - em 1748.

Tegbesu assinou um novo tratado de subordinação perpétua ao Oyo. Uma história conta que desde este ultimo ano – 1748 - o Dahomé e o Oyo passaram a ser duas províncias do mesmo império.

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