António Maria Costa, o director executivo do Gabinete da ONU para o Combate às Drogas e ao Crime, declarou que África está perante um grave problema em relação ao crime, problema que está a minar os esforços de desenvolvimento do continente.
No seu relatório intitulado ”Crime e Desenvolvimento em África”, António Maria Costa, afirma que as estatísticas oficiais sobre crime em África são dispersas, mas todos os indicadores oficiais sugerem que é um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento do continente.
Ao apresentar o relatório no ministério italiano dos Negócios Estrangeiros, aquele funcionário da ONU disse que os planejadores do desenvolvimento deveriam focar a sua atenção no problema do crime em África.
Afirmou Costa que no relatório se conclui que o ciclo tem que ser quebrado. O crime cria subdesenvolvimento e o subdesenvolvimento cria uma vulnerabilidade ainda maior em relação ao crime.
António Costa tornou claro que o relatório não se destina a acusar as nações africanas dos crimes cometidos pelos seus cidadãos considerando-os inferiores. Pretende incentivar os líderes africanos a tomar decisões importantes.
Disse ele. ”Estamos em crer que temos que estimular os governos africanos a incluir a prevenção e o controlo dos crimes nas suas políticas nacionais, fortalecendo a assistência técnica para a cooperação, canalizando para fortalecer a justiça, a governação e o primado da lei”.
Este relatório será agora tema de uma mesa redonda internacional que irá ser presidida pelo chefe de Estado da Nigéria, Olusengo Obasanjo, e que terá lugar em Abuja nos dias 5 e 6 de Setembro próximo.
Entre as conclusões do relatório destaque para a enorme disparidade de rendimento existente nos países africanos. Em média dez por cento da percentagem mais rica da população ganha 31 vezes mais do que os mais pobres.
O relatório menciona ainda a juventude da população africana. António Costa afirma que este factor em muitos países é um ponto forte, mas em África é um ponto fraco porque há poucos postos de trabalho.
Disse ele que a presença de um forte desemprego, a falta de salários adequados e oportunidades de emprego transforma a juventude nos mais perigosos elementos do crime.