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Para muitos dos sobreviventes do maremoto de 26 de Dezembro a vida diária continua a ser difícil


Muitos queixam-se de que receberam pouca ajuda oficial para reconstruírem as suas casas e negócios. Governos e agências de ajuda pedem que tenham paciência, afirmando que a reconstrução tem que ser planeada, para que as novas comunidades possam florescer nos próximos anos, e para evitar desperdiçar dinheiro.

‘Pescadores em Khao Lak, na Tailândia, reparam os seus barcos para estarem prontos para a estação das pescas. Dizem ter recebido pouca ajuda do governo para que possam voltar a ganhar a vida.’

O maremoto, provocado por um maciço tremor-de-terra, ao largo da costa norte da Indonésia, varreu o Oceano Indico, matando pessoas e destruindo comunidades em 12 países -- da Indonésia à Somália, na costa leste de África. Os governos dizem que mais de 170 mil pessoas morreram ou desapareceram, apesar de muitas agências de ajuda e sobreviventes disseram que o número deverá estar mais próxima dos 300 mil. As vítimas eram de todo o mundo -- pelo menos dois mil turistas da Europa e América do Norte perderam-se nas praias da região -- transformando assim o incidente num desastre global.

Acção rápida por parte dos grupos de caridade e dos governos, ajudados pelas forças militares regionais, incluindo a marinha americana, acorreram com alimentos de emergência e médica, o que significa que os que sobreviveram às vagas conseguiram obter comida e abrigo em poucos dias.

Mas o processo de substituir o que foi perdido é de facto lento, apesar dos sobreviventes e trabalhadores voluntários disseram que está a ser feito progresso. Na província indonésia de Ache, a área mais atingida, a assistência internacional está a ajudar na construção de escolas e casas e de infra-estruturas.

Gianfranco Rotigliano, representante na Indonésia da UNICEF, diz que apesar de ainda faltar muito para fazer, muito já foi conseguido.

‘Se considerarmos onde estávamos, a situação antes do maremoto e os programas que este país tinha em curso no passado, o que já conseguimos fazer é para mim assinalável.’

Antes do maremoto, a maior parte de Aceh estava fora do raio de acção dos grupos de assistência estrangeiros devido à insurreição separatista em curso há muitos anos. Isto significava que as agências de ajuda tiveram que começar o seu trabalho do anda, quando receberam permissão após p maremoto.

Um dos grandes feitos desde então, diz o representante da UNICEF, é o facto dos trabalhadores de emergência terem conseguido evitar mais mortes por doença e fome. O que por sua vez significou que puderam assim dedicar-se a responder às outras necessidades da região.

A UNICEF está a ajudar na construção de 200 escolas primárias, à prova de maremotos, por forma a que o novo ano escolar arranque em Julho. Ao longo dos próximos três anos, a UNICEF promete despender 90 milhões de dólares na reparação ou reconstrução de 500 escolas permanentes.

Para milhares de sobreviventes, em toda a região, poder voltar a ganhar a sua vida tornou-se no maior problema, particularmente para os pescadores, que perderam os seus barcos.

Na vila tailandesa de Kaho Phi Lai, um grupo de pescadores inspecciona com grande excitação 200 novos barcos, doados pelos Emiratos Arabes Unidos.

‘este pescador tailandês de 70 anos de idade diz que não sabe o que faria sem um barco. É que na sua idade ganhar a vida é muito difícil.

No distrito de Hambantota, na cidade mais atingida do Sri Lanka, um responsável municipal, M. A. Piyasena, diz que os esforços de reconstrução apenas agora começam. Com a ajuda internacional estão a ser construídas 500 casas.

”Com a construção de casas e uma escola, as pessoas podem regressar ao distrito, diz. Com novas estradas, teremos de novo autocarros, e isso será o começo de uma nova cidade.’

Mas alguns residentes hesitam em instalar-se em novas casas, dizendo que aquelas se situam muito próximo do mar. E a ondas grandes, sustentam, não conseguem chegar às suas tendas nos campos.

Em algumas áreas, as estradas tiveram que ser reconstruídas para que os camiões pudessem passar com os materiais de construção. Noutras áreas, cidades inteiras tiveram que ser reconstruídas do zero, e os governos locais actuam com prudência. Dizem querer planos para construir escolas, estradas e sistemas de água que permitam às comunidades florescerem durante muitos anos.

Rotigliano, o representante da UNICEF, diz que para que a reconstrução seja um sucesso, os residentes terão que estar envolvidos.

A comunidade internacional prometeu mais de seis biliões de dólares para aliviar os estragos causados pelo maremoto bem como para a reconstrução. E os donativos continuam a chegar. Os Estados Unidos prometeram 350 milhões de dólares e há planos para oferecer mais 500 milhões ao longo dos próximos anos.

Trabalhadores humanitários e governos, contudo, advertem que será preciso mais dinheiro, e mais tempo, para reconstruírem as casas e os negócios que se perderam. Para muitas das vítimas, já cansadas dos esforços, a espera será longa.

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