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PAM e a crise de financiamento


O Programa Alimentar Mundial afirma-se alarmado com a actual crise de financiamento e adverte que milhões de refugiados irão passar fome, a menos que a comunidade internacional contribua urgentemente com 315 milhões de dólares. Desta quantidade, 75% são precisos para alimentar refugiados em África.

Simon Pluess, porta-voz do PAM, diz que a sua agência já foi forçada a reduzir as rações de comida destinadas a dezenas de milhar de refugiados em África, devido à falta de financiamento.

“Este mês tivemos que começar a reduzir as rações alimentares na Serra Leoa, depois de o termos feito na Guiné e Libéria. Na África Ocidental, por exemplo, falta 40% do financiamento necessário às nossas operações para os refugiados.”

Dentro de poucas semanas, segundo Pluess, o PAM ficará sem alimentos para 60 mil refugiados sudaneses e três mil refugiados congoleses recentemente chegados ao Uganda. Acrescenta que milhão e meio de pessoas estão a ser afectadas pelos cortes nas suas rações diárias.

O porta-voz do PAM aponta a Tanzãnia como exemplo do que pode acontecer quando as pessoas não recebem comida em quantidade suficiente. Um inquérito nutricional entre 400 mil refugiados na Tanzânia, no final do ano passado, concluiu que 37% das crianças com menos de cinco anos se encontravam num estado de subnutrição crónica. Outras 23% estavam muito abaixo do seu peso normal.

O inquérito foi conduzido três meses depois do PAM ter sido forçado a reduzir em cerca de um quarto as suas rações alimentares aos refugiados.

“O padrão que observamos é sempre o mesmo quando cortamos as rações. Regista-se uma deterioração da saúde, uma nutrição inadequada e com frequência um aumento na violência doméstica e no crime. Uma vez que as populações são vulneráveis, não têm estratégias para responder às situações em que as suas rações alimentares são reduzidas.”

Pluess explica que muitos refugiados dependem quase exclusivamente na ajuda alimentar para a sua sobrevivência. Com frequência são confinados aos seus campos onde existe pouca terra arável e são poucas as oportunidades de emprego.

O PAM diz que a falta de fundos ameaça também os projectos de repatriação. Por exemplo, mais de 30 mil refugiados angolanos na Zâmbia querem regressar a casa. A agência acrescenta que muitos destes refugiados podem mudar de ideias e decidir ficar nos campos por receio de não conseguirem a ajuda e o apoio que precisa para começar uma nova vida no seu país.

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