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Milhões de soldados africanos-americanos


Milhões de americanos lutaram na Segunda Guerra Mundial, entre os quais cerca de um milhão de africanos americanos. Qual terão sido as experiências e desafios dos africanos-americanos que têm servido nas forças armadas.

Milhões de soldados africanos-americanos desempenharam papel significativo na Segunda Guerra Mundial, quando mais de meio milhão deles serviram no teatro europeu da guerra. Apesar dos seus números, enfrentaram os militares negros, a discriminação, operando em unidades racialmente segregadas.

Nos relatórios dos chefes militares, os africanos-americanos eram considerados como não sendo qualificados para o combate, e nunca usados na linha da frente, funcionando apenas e muitas vezes em tarefas secundarias de apoio, mas nunca integrados em unidades com os soldados brancos.

A situação mudou em 1941,quando as pressões por parte dos lideres africanos-americanos dos direitos cívicos convenceram o governo a formar unidades de combate, exclusivamente de africanos-americanos, como experiência, a fim de ver se os soldados negros tinham a capacidade de desempenhar tarefas militares da mesma forma como os soldados brancos.

Woodrow Crocket, de 87 anos de idade, fez parte da experiência. Pertenceu ao grupo dos chamados Aviadores de Tuskegee, o primeiro a ser formado pela Força Aérea, composto exclusivamente de pilotos africanos-americanos.

Woodrow Crocker foi enviado em 149 missões aéreas entre 1944-1945,protegendo portos e aeroportos na Itália, e escoltando bombardeiros em missões de combate na Alemanha.

Crocket diz que os Aviadores de Tuskegee tinham muito que provar ... e provaram, tendo enfrentado o fogo inimigo em 200 missões de combate, nunca perderam um avião de combate:

“Muitas vezes, quando os comandantes militares anunciavam os resultados do dia anterior durante as suas reuniões de trabalho, não restava dúvida que a Unidade 332, toda composta de soldados negros, não tinha perdido nenhum bombardeiro frente ao fogo do inimigo. Pouco depois, começaram a pedir que aviadores negros os escoltassem em combate.”

William Shields, historiador do Instituto da História Militar dos Africanos Americanos acrescenta que daí por diante o símbolo da participação dos negros na aviação militar passou a ser um ”duplo V” para significar a vitória contra o inimigo em campo de batalha no estrangeiro e vitória contra o inimigo em casa, na América.

O Coronel Bill De Shields, de Anápolis, em Maryland, aposentado, historiador e fundador do Instituto da História Militar dos Afro-Americanos, disse que a discriminação racial generalizada na sociedade americana tornava difícil a missão dos soldados negros na guerra.

Afirma ele que os sucessos dos Aviadores de Tuskegee e doutras unidades negras prepararam o caminho para a integração total dos africanos-americanos nas forças armadas da América:

“A experiência e a participação dos africanos-americanos durante a Segunda Guerra Mundial até a Guerra no Vietname, tornaram possíveis as mudanças na sociedade civil na América, mostrando que negros e brancos podem trabalhar juntos numa base integrada, sem pôr em risco o moral das tropas”

Apesar das ordens do Presidente Truman, em 1948, para a integração total das forças armadas, os soldados negros eram ainda mantidos em unidades segregadas durante a Guerra na Coreia que durou até 1953.

Mas Jack Jones, na Marinha de Guerra desde 1953,disse que durante todos esses anos viu muitas mudanças:

”Quando entrei na Marinha de Guerra, em 1953,os soldados negros dedicavam-se aos serviços tais como varrer, servir à mesa dos oficiais e fazer-lhes os quartos. Mas quando saí, os africanos-americanos contavam-se em todos os escalões militares, de cima abaixo. Temos agora vários almirantes e capitães negros.”

Desde a Guerra do Vietname, nas décadas dos 60 e 70,as forças armadas passaram a ser totalmente integradas, tendo os soldados negros combatido na linha da frente onde se desempenhavam muito bem, constituindo então mais de 10 por cento de todas as forças americanas na Ásia do Sudeste:

”Na guerra do Vietname os africanos-americanos fizeram tudo. Foram promovidos a generais, lideres em missões aéreas, comandantes de tanques, e doutras unidades militares. Fizeram tudo tão bem que não restou mais nada para provarem.”

Desde a Guerra no Vietname, a participação dos africanos-americanos nas forças armadas aumentou. Os africanos-americanos que fazem mais de 13 por cento da população americana, constituem agora mais de 20 por cento das forças armadas dos Estados Unidos.

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